30 de agosto de 2008

Mapa-múndi

A vida é essa incessante corrida, onde não sabemos muito bem de onde vamos, pra onde vamos. E você foca tão inutilmente em olhar para frente (para trás é retrocesso), que da bolsa furada pela estilete rápida do bandido do tempo, caem cacos e pedaços de si pelo chão. Ínfimas partes, como a pele morta que sai ao banho, os cabelos que se desprendem do couro ou as unhas estrategicamente cortadas, vão deixando para trás uma trilha de si sobre o tempo.

Mas quando se percebe que se é não mais o corpo e sim um algo que ambula pelo tempo, não mais o âmago de si, é inevitável olhar para trás (o retrocesso) e querer pegar com a pá do etéreo uma amostra do que já se foi. Quebra-cabeça impossível de se montar.