25 de outubro de 2007

Simples

Uma grande amiga minha certa vez me ensinou que as pessoas são com estações: algumas passamos sem perceber, ficamos muito pouco tempo a observar outras, temos um contato intenso mas pouco duradouro com outras pessoas, e algumas delas vivem para sempre em nós, como uma constante em nossas vidas.

Acredito que tudo em nossas vidas tem uma relação análoga com as pessoas com quem nos relacionamos. Tudo dura seu tempo e tem seu grau de importância. Foi assim que aprendi a perceber que às vezes a poesia da vida se apresenta sobretudo na forma das coisas simples, casuais. O extraorinário que encontramos nos cotidiano é exatamente essa capacidade de interpretar tudo como um romance de páginas marcadas e diálogos previsíveis.

Foi aprendendo a apreciar as coisas simples da vida que tomei gosto pelas pessoas simples e sem ambiguidades de coração. E de maneira análoga, passei a desenvolver uma simplicidade na maneira como exponho meus fatos sobre a vida. Por muito tempo tive medo de me pronunciar; hoje vivo o medo de morrer calado.

23 de outubro de 2007

Quero meu eu de volta

Revisitando versos, estrofes, parágrafos e fotos, acabei te encontrando quase sem querer. Talvez tenha me doído seu riso quase esfingético, talvez o meu riso indiscriminado. Percebi todo um vocabulário voltado ao amor, um vocabulário de quem ama. Erros gramáticais, sintáticos, semânticos (apenas no texto) de um desnorteado apaixonado.

Peço de volta meu coração. Quero um coração simples e ancioso, que chora no sim e no não. Quero palavras simples impostas de maneiras complicadas e cheias de sentido e coração. Quero de volta leituras demoradas, quero meus amigos de bar. Quero a dúvida do amadurecimento e uma certeza que brota do chão. Devolva meu coração. Devolva o que eu era antes.