2 de maio de 2007

Espera

Nesta casa no meio do nada,
Mais templo menos casa,
Há um alguém sempre a espera,
A espera de visita:
Visita sempre adiada,
Visita muito aguardada,
Visita bem recebida!
Mas o tempo faz a espera
Tornar-se mancha e tormento
Que acorrenta o coração.
E o solitário habitante
Na sua espera incessante
Faz dela sua obsessão.

É no marasmo do tempo
Que é só mato e vento
E folhas e copas de árvore,
Que o sono chega e se aproxima,
Encanta com sonhos
Torna menos dolorosa a espera
Do solitário habitante.

À janela e com os olhos fechados,
Não se apercebeu o encantado
Que sua visita viera se mostrar.
Uma vez a campainha,
Duas vezes a campainha,
Três vezes a campainha.
Entristecida, a visita
Saiu em busca de um outro lar
A que pudesse visitar.

Acorda então o sonhador
Que sonhou em seu sonho
Que sua visita passou.
Foi olhar a sua porta
E seu pranto chorou
Ao ver na campainha
De menina a marca de um dedo,
Um par de pegadas
E gotas de lágrima no chão.

Entrou em casa,
Tornou à cadeira,
Secou as lágrimas e declarou:
O amor passou de novo
E meu sonho a levou.