20 de junho de 2009

A palavra, amor

Dizer tudo e não falar nada. Não há espaço suficiente para formalizar sentimentos em palavras. Queria fazer cabê-las todas ai, no teu coração, onde a maior de todas as forças plantaria a semente de um amor fulminante em ti. Desabrocharias qual rosa rubra e te entregarias a mim, já sem forças para resistir a eminente felicidade do nosso amor.

Mas não há tempo, amor. É necessário conjulgar o sentimento em torno de um poema, minha bandeira, e fincá-lo com toda a força contra teu peito. Um mundo precisa caber em uma pérola ou no menor dos cristais, com o qual te farei um brinco, um colar, um anel. Quero deixar em teu corpo a marca dos meus dentes para que olhes a cada banho teu e digas 'é ele'.

Quero fazer do meu amor o teu remédio. Tenho a sede absoluta de teus beijos. A necessidade obscura de dançar colado contigo. Quero rir e chorar junto contigo na rua vazia. Mas não há tempo, amor. Passa, qual a palavra, a vida.

15 de junho de 2009

Memórias de felicidade

O tempo apaga as linhas da memória e tudo se esvai. A dor passa de uma sensação a uma lembrança ao qual se quer apegar. O coração não conhece o que é auto-preservação. Palavras se perdem em fragmentos de nada, e se tornam vazias e fora de contexto.

Ser feliz de repente parece ser uma estrela inalcançável, mas já se esteve lá, tão perto. Sussuram e os caminhos se confundem, mesclam-se em um quebra-cabeça difícil de resolver, e quando espera-se encontrar as migalhas de pão que trazem de volta o impossível, eis a sala das coisas aleatórias. Tudo encontra-se fora do lugar e não há mais ela, senão seu retrato.

E a memória, que só sabe lembrar, e o coração, que só sabe sentir, discutem e travam uma batalha para entender essa nova realidade. Ela não está mais aqui, ela não vai mais voltar, concluem.