21 de dezembro de 2006

Desabafo amoroso

As poesias de amor não fazem sentido àqueles que não entendem o que é o amor. A poesia se torna uma coisa ridícula e particular, longe do caráter da poesia como arte. Mas no seu âmago, a poesia é a arte de expressar em forma de verso os sentimentos do ser humano. Não existem regras para poetizar: quem as criou pensou logo numa elitização da poesia enquanto arte, quando na verdade a poesia tem origem oral e popular. Sendo assim, deixem os homens cantarem seus amores impossíveis, porque a eles pode não caber o título de artista, mas isso não os impede de amarem profundamente.

Soneto

Perplexado na monotonia de mim mesmo,
Encontro-me sob a sombra de uma amoreira
Entre os versos de Drummond e abelhas
Que vêm roubar dos frutos a sua doçura.

O marca-páginas do livro é uma foto sua
Que tirei delicadamente do seu presente
Para poder ver, cada vez que abrisse o livro
O seu rosto em lembrança com um sorriso.

Eu muito desencontrado, não vejo nos campos
Mais beleza que em seu pedaço de papel
Onde sei que pousaram sua mão e seu beijo.

Meu coração se sabe apaixonado por ti
Nessa saudade de te perceber longe demais
E sempre perto, entre cada página do livro.