4 de junho de 2008

Sala de espera

De todos os paradoxos, o mais inexplicável: estar sozinho e cercado de gente. Não o entendo. Como posso, diante de pessoas alegres e de bem com a vida, me enxergar sozinho no mundo? Lá estou, sentado com os braços em laço cercando as pernas dobradas, aguardando alguém sentar no banco ao meu lado. Um alguém com sorriso faceiro e uma timidez natural, um olha-não-olha. Mas não: um grupo de pessoas grita e faz barulho e derruba a chute a porta da minha espera. E ao entrarem em mim percebo-me inexplicavelmente sozinho, a mágica do desaparecimento, que faz sumir gente e surgir fantasmas.