27 de dezembro de 2007

Terceira pessoa

Vertigens em azul, daqueles de fim de tarde quase noite. Vejo-me colado ao batente da porta, copo na mão de uma bebida que me falha a memória. Queria sentir seu gosto e poder enxergar o meu rosto, mas mesmo a pouca distância é um muro intransponível para minha miopia. E aquele pouco de surdez me previne de ouvir minha própria voz, que fica abafada em palavras que saem fracas da boca e do qual pouco se entende senão pelos lábios. Daí que a minha terceira pessoa percebe-se confusa e obscura no entendimento de mim mesmo, já na calada da noite, o céu em estrelas.