12 de abril de 2007

Islas de solitud

Faz tempo que não escrevo sobre amor? Faz quanto tempo? E há quanto tempo não se sente amor, paixão, verdadeira paixão? A verdade é que quanto mais se vive mais estranho esse mundo de pessoas tão diferentes, tão recentidas. Nossas histórias nos apontam para um lugar em que nós mesmos somos o refúgio que sempre sonhamos. Nós nos entendemos melhor do que qualquer um, afinal sentimos nossas próprias necessidades, solidões e paixões súbitas, quase desejo de grávida. No entanto, não nos preeenchemos.

Amar, verbo transitivo indireto. Cada dia que passo ouço-o mais intransitivo. Para um objeto qualquer, gostar é suficiente. "Gosto dele" "Gosto dela". Amar não, muita responsabilidade e falta de conhecimento. Confiança é artigo de luxo, são pontes entre as ilhas de solidão que criamos em torno de nós mesmos. A dor é muito mais conhecida, doença sexualmente transmissível, epidêmica.

É preciso reconstituir o tratado do amor que une os homens e as mulheres, colocá-lo novamente em pauta na próxima reunião das Nações Unidas, junto com o terrorismo e o aquecimento global. É preciso lembrar aos seres humanos a sua condição fundamental e sua nudez que os generaliza e os amedronta. É preciso quebrar os modelos de ilha; retornar a Pangéia fundamental.